As decisões de poupança das famílias portuguesas
Onde se encontra o nosso dinheiro?
Para perceber em que sentido caminham as decisões dos portugueses no que diz respeito às suas preciosas poupanças, é necessário ter em conta o atual contexto macroeconómico.
Para tal, comece por ver como se encontra distribuído todo o património das famílias, bem como, alguns dados estatísticos interessantes.
Segundo o Inquérito à Situação Financeira das Famílias, realizado pelo Banco de Portugal em 2017, a riqueza líquida média das famílias residentes em Portugal era de 162,3 mil euros. Esta riqueza encontra-se maioritariamente concentrada em imóveis, com 87,7% do total da riqueza líquida, e os restantes 12,3% distribuídos por vários ativos financeiros.
Atente agora nos 12,3% da riqueza líquida média distribuída pelos vários ativos financeiros. Os depósitos, tanto a prazo como à ordem, constituem 75,9% dos ativos financeiros que as famílias detêm. Os ativos transacionáveis (leia-se ações, obrigações, fundos de investimento, ETF’s entre outros) representam 8,3% do valor alocado a ativos financeiros. A restante percentagem é distribuída entre planos de pensões (6,3%) e outros ativos financeiros (9,5%).
O quadro em cima demonstra a percentagem de famílias com ativos financeiros de acordo com o seu percentil, em termos de riqueza líquida. Como seria de esperar, 96% da amostra possui contas à ordem. Porém apenas 6,4% conta com ativos transacionáveis. Como podemos ver, das famílias que veem a sua riqueza líquida avaliada no percentil 10 (10% mais ricos), aproximadamente 25% possui uma parcela dos seus ativos financeiros dependentes dos mercados financeiros, ativos transacionáveis. Quanto maior a riqueza, maior esta percentagem.
Por fim, faça uma análise à evolução dos últimos 40 anos da distribuição acima falada.
O gráfico em cima utiliza valores nominais. É claro o aumento exponencial do total dos ativos financeiros das famílias portuguesas, principalmente, entre 1990 e 2010. Com esta subida, registou-se também um aumento significativo da presença de ações e outros ativos transacionáveis nos ativos financeiros presentes nas carteiras das famílias, bem como, de regimes de seguros e pensões.
O aumento da percentagem de ativos transacionáveis pode ser explicado por diversos fatores. Aliada ao aumento da riqueza líquida média das famílias portuguesas, contribui de forma positiva, também, o aumento dos níveis de educação da população, bem como, a muito maior facilidade de acesso a ativos cotados em bolsa.
Não obstante, os baixos níveis de poupança e de literacia ainda afetam significativamente a exposição das famílias portuguesas a ativos financeiros.
Outra tendência que se prevê, está relacionada com o aumento de aquisições de regimes de seguros e pensões por parte das famílias.
Esta tendência é justificada pelo aumento da esperança média de vida, e consequente envelhecimento da população, que leva a pôr em causa a solvabilidade da segurança social a médio/longo prazo.
Para se protegerem, as famílias tendem a recorrer a planos de poupança e reforma que, para além de oferecerem rendimentos aquando da reforma, beneficiam, agora, de incentivos fiscais muito favoráveis.
Nesta matéria, nós temos a opção certa para lhe propor e não poupamos nas soluções.
Apenas lhe pedimos que não fique a ver o seu dinheiro parado. Porque o seu banco pode saber muito de crédito e de débito, mas de poupança?
De Poupança sabemos nós.