Escalada no Médio Oriente: EUA Atacam o Irão, Mercados Mantêm-se Resilientes
Durante o último fim de semana, os Estados Unidos entraram oficialmente no conflito do Médio Oriente, com bombardeamentos dirigidos às principais instalações nucleares iranianas. Esta ação representa uma nova fase de escalada no conflito, com potenciais implicações profundas tanto no plano geopolítico como nos mercados financeiros globais.
Apesar do apoio imediato da Rússia ao Irão e da decisão do parlamento iraniano de encerrar o Estreito de Ormuz, a reação dos mercados ao ataque e à possibilidade de uma retaliação iraniana foi relativamente contida. O preço do barril do petróleo (Brent) ultrapassou os 80 dólares, mas recuou pouco depois, enquanto os principais mercados acionistas da Ásia registaram apenas quedas ligeiras. Na Europa, o comportamento foi semelhante, com perdas moderadas nos índices de referência, em linha com os futuros norte-americanos.
Esta reação moderada indica que os investidores continuam a interpretar o conflito como um episódio de alcance regional. Ainda assim, a crescente imprevisibilidade do contexto geopolítico torna cada vez mais difícil antecipar e gerir os riscos associados.
O Epicentro Energético Mundial
As tensões entre Israel e Irão colocaram em foco uma das regiões mais estratégicas do mundo. Irão e Iraque (este último frequentemente atuando como proxy de Teerão) são membros influentes da OPEC+, mas é sobretudo a posição geográfica do Irão que confere a este conflito um potencial impacto sistémico nos mercados energéticos globais.
O Irão controla toda a costa norte do Golfo Pérsico, uma zona marítima vital por onde circula cerca de 20% do petróleo transportado por mar. O Estreito de Ormuz — que liga este “mar interior” ao Golfo de Omã, e daí ao Mar Arábico e ao Oceano Índico — é o único corredor viável para esse fluxo energético. Não por acaso, o Irão mantém nesta área várias bases militares e navais, reforçando a sua posição estratégica.
A instrumentalização das rotas marítimas como forma de pressão geopolítica não é nova na região. Desde o início da guerra em Gaza, os rebeldes Houthi, no Iémen, têm atacado navios no Estreito de Bab al-Mandeb, porta de entrada para o Mar Vermelho. Ainda assim, esse bloqueio pode ser contornado pela rota alternativa do Cabo da Boa Esperança — mais longa, mas segura. Já no caso do Estreito de Ormuz, não existe alternativa prática: o seu encerramento teria implicações imediatas para o comércio global de energia.
Implicações para os Investidores: A Gestão Ativa é Essencial
O ambiente de mercado mantém-se surpreendentemente robusto, apesar das incertezas. Esta resposta moderada sugere que os investidores continuam a encarar o conflito como limitado ao plano regional, embora a crescente imprevisibilidade dos riscos geopolíticos continue a dificultar a avaliação e cobertura dos mesmos.
Este ambiente geopolítico (e económico) complexo reforça a importância de uma gestão ativa e diversificada dos ativos, com especial atenção às dinâmicas dos diferentes agentes envolvidos e aos seus impactos diferenciados nos vários segmentos e geografias dos mercados financeiros.
Na Golden SGF, continuamos a acompanhar de perto os desenvolvimentos no Médio Oriente, conscientes de que eventos desta natureza exigem não apenas atenção contínua, mas também agilidade estratégica e visão de longo prazo.
5 erros mais comuns no mundo dos investimentos — e como os evitar
Investir pode parecer desafiante, especialmente quando surgem dúvidas sobre o que fazer ou evitar.
Muitos investidores, mesmo com alguma experiência, acabam por cometer erros que podem comprometer os seus objetivos financeiros a médio e longo prazo — muitas vezes sem se aperceberem disso.
Neste artigo, vamos partilhar os 5 erros mais frequentes que podem pôr em risco o sucesso dos seus investimentos — e mostrar-lhe como os pode evitar, para construir um futuro financeiro mais seguro e sólido.
1. Não conhecer o seu perfil de risco
Cada investidor tem uma tolerância ao risco diferente, que depende da sua situação pessoal, dos seus objetivos financeiros e do horizonte temporal. Ignorar este perfil pode levá-lo a investir em produtos que não se adequam à sua realidade, o que pode gerar decisões precipitadas em momentos de volatilidade ou provocar frustração com os resultados.
Por exemplo, se um investidor com um perfil agressivo aplicar o seu dinheiro em produtos demasiado conservadores, pode sentir-se frustrado com os rendimentos obtidos. O mesmo acontece a um investidor com um perfil conservador que opte por produtos mais arriscados — poderá passar por períodos de forte volatilidade, o que gera desconforto e ansiedade.
Para evitar este tipo de situações, é essencial conhecer bem o seu perfil e escolher investimentos que estejam alinhados com ele. A Golden SGF ajuda os seus clientes a definir o seu perfil e objetivos, para que possam traçar o caminho certo rumo ao futuro financeiro desejado.
2. Não diversificar a carteira
Colocar todos os ovos no mesmo cesto é um erro mais comum do que se possa pensar. Concentrar os seus investimentos num único ativo ou setor pode aumentar o risco de perdas significativas.
A diversificação é uma estratégia fundamental e necessária, seja qual for o grau de conhecimento do investidor. Diversificar os seus investimentos permite distribuir o risco, combinando ativos que se comportam de forma diferente perante o mercado, e assim proteger melhor o seu património. No entanto, antes de considerar um novo investimento, é importante conhecer todas as suas características, de forma a garantir que está alinhado com o seu perfil e os seus objetivos.
3. Desconhecimento dos produtos financeiros
É importante conhecer as características, vantagens e desvantagens de cada produto, bem como a sua adequação ao perfil do investidor e aos objetivos definidos. Tomar decisões de investimento sem esse conhecimento pode levar a escolhas inadequadas. Procure informação de confiança e, se necessário, apoio especializado para tomar decisões mais acertadas.
Ainda há muitas pessoas a iniciar a sua jornada no mundo dos investimentos sem o devido conhecimento. Tal como num jogo de xadrez, ou noutra actividade que envolva estratégia, qualquer investimento deve ser precedido de estudo e preparação.
4. Falta de planeamento financeiro
A ausência de um plano financeiro alinhado com os seus objetivos é como planear uma viagem sem destino. A visão estratégica a longo prazo pode fazer toda a diferença, especialmente se o objetivo for o crescimento sustentado do seu património.
Definir objetivos concretos, prazos e estratégias ajuda a manter o foco e a disciplina, evitando decisões impulsivas baseadas em emoções ou em tendências passageiras. Um bom planeamento financeiro é essencial para alcançar metas como a reforma antecipada, a educação dos filhos ou a compra de um imóvel.
5. Não acompanhar regularmente os investimentos
O mercado financeiro está em constante mudança, e a sua carteira — ou conjunto de investimentos — deve ser revista com regularidade. Não acompanhar os seus investimentos pode fazer com que perca oportunidades ou mantenha posições desalinhadas com os seus objetivos.
O acompanhamento regular permite ajustar a carteira consoante as suas necessidades e o contexto económico, garantindo que continua no caminho certo para alcançar os seus objetivos financeiros.
Na Golden SGF, acreditamos que evitar estes erros é essencial para construir uma estratégia de investimento sólida e orientada para os seus objetivos. Estamos aqui para ajudar a tomar decisões informadas e a planear o seu futuro financeiro com confiança.
“Relief Rally” – Recuperação sustentável ou apenas um alívio temporário?
Na abertura de maio, assistimos a um início positivo em praticamente todas as classes de ativos, dando continuidade ao ímpeto do final de abril. Este comportamento reflete um renovado apetite pelo risco, muito associado ao acalmar das tensões comerciais que tanto preocuparam os investidores nas semanas anteriores.
S&P 500 2025
O que estamos a testemunhar é uma recuperação em formato “V” nos mercados, um padrão que surge após termos atingido níveis recorde de pessimismo entre os investidores. Durante esta queda, foi tentador correr para a saída e vender os investimentos, no entanto, reforçamos à altura, junto dos nossos clientes, para não o fazer. A história mostra-nos que esta raramente é a melhor estratégia.
A verdade é que os melhores dias do mercado tendem a seguir-se muito de perto aos piores. Os investidores que mantêm o rumo acabam, geralmente, por obter resultados significativamente melhores a longo prazo. Quem sai do mercado nos momentos de turbulência arrisca-se a perder os dias de maior valorização – e são precisamente estes dias que mais contribuem para os retornos a longo prazo.
Numa perspetiva histórica, desde 1950 registaram-se 12 bear markets, o que representa uma média de um mercado bear a cada 6 anos. Isto faz sentido do ponto de vista macroeconómico, já que a maioria destes períodos negativos são causados por ou antecipam recessões, seguindo assim o ciclo económico natural.
S&P 500 2020
É interessante notar que os dois últimos episódios negativos aconteceram invulgarmente próximos: em 2020, com uma queda de 35%, e em 2022, com um recuo de 27%. Ambos foram casos particulares, não originados pelo ciclo económico tradicional, mas “induzidos” por fatores externos. O bear market de 2020 foi especialmente abrupto, atingindo o seu ponto mais baixo em apenas 33 dias – uma queda praticamente vertical (parabolic drop).
A história também nos ensina que quanto mais abrupta é a queda, mais forte tende a ser a recuperação – como uma bola de borracha que ressalta com maior força quanto mais violentamente é atirada ao chão. Foi exatamente o que aconteceu em 2020: o mercado caiu abruptamente, mas recuperou com tal velocidade que terminou o ano com ganhos de 18%, registando nesse ano uma subida de 70% desde o ponto mais baixo.
O recente “relief rally” deixa-nos uma questão: estamos perante um impulso temporário motivado por eventos específicos ou é o sinal de uma viragem mais sustentável?
O mercado reagiu como se fosse apenas uma resposta a um evento pontual – guerra comercial – mas, a verdade é que as economias continuam particularmente vulneráveis a choques, muito dependentes de liquidez e com níveis de dívida soberana historicamente elevados. Apesar desta recuperação dos mercados, o ciclo do excepcionalíssimo norte-americano parece ter-se esgotado no curto prazo.
No panorama geral, segundo a nossa equipa de especialistas, estamos a testemunhar uma verdadeira desagregação, uma transformação estrutural cujo desfecho é quase impossível de antecipar, especialmente quando as mudanças políticas de Washington intensificam uma mudança global já em curso. Por isso, deixamos para trás a extrapolação de velhas tendências e a confiança cega em pressupostos do antigamente.