
Qual o impacto das novas tarifas de Donald Trump nos mercados?
A última semana tem girado à volta na nova implementação de tarifas a nível global realizada por Donald Trump, e nem uma ilha isolada sem habitantes nativos ficou impune.
Brincadeiras à parte, este movimento tem trazido alguma instabilidade prevendo-se até que o mercado acionista venha a cair em “Bear Market” (segundo o jornal ECO). Esta volatilidade tem causado movimentos de preocupação e ansiedade aos investidores, disso não há dúvida, mas será que ficamos por aqui?

O que se está a passar?
Esta nova imposição de tarifas comerciais pela administração de Donald Trump trouxe uma mudança significativa na política comercial norte-americana e no seu posicionamento estratégico. No entanto, numa altura onde tudo parece estar “perdido” é importante contextualizar estas medidas e compreender a resposta dos mercados.
No dia 5 de abril entrou em vigor uma tarifa base de 10% que incide sobre praticamente todas as importações para os EUA, enquanto as chamadas “tarifas recíprocas”. Já as tarifas específicas para cada país, que também foram anunciadas por Donald Trump entraram em vigor esta quarta-feira, dia 9 de abril.
Uma coisa que muitas pessoas não se apercebem é que o timing escolhido não é acidental: a Casa Branca estabeleceu deliberadamente este período de 4 dias adicionais até à entrada em vigor das tarifas recíprocas, como uma janela de negociação, dando aos parceiros comerciais a oportunidade para implementar “medidas corretivas” que alinhem as suas práticas com os interesses económicos norte americanos. Esta abordagem segue claramente o “playbook” negocial característico de Trump, onde o anúncio de medidas drásticas serve como alavanca para futuras negociações bilaterais.

Qual foi o impacto nos mercados?
A maioria dos investidores estão a atravessar uma fase de preocupação, uma vez que a reação inicial dos mercados foi naturalmente negativa. As consequências destas medidas e a sua dimensão, acabou por se revelar muito mais impactante do que a maioria esperava.
É inegável que estamos perante uma mudança de paradigma: caminhamos para um modelo económico onde as decisões administrativas exercem maior influência sobre os preços do que os tradicionais mecanismos de mercado. A volatilidade torna-se, assim, a nossa nova certeza.
Mas, nem tudo são más notícias. O cenário caótico nos mercados nos últimos dias também confere à Reserva Federal americana a flexibilidade necessária para reduzir as taxas de juro. Uma medida prevista caso a economia global comece a mostrar sinais de abrandamento – que é também um dos objetivos (embora não assumido) da administração Trump. Se notarmos bem, as expectativas do mercado já tiveram um pequeno ajuste ao longo desta semana, apontando agora para quase quatro cortes nas taxas diretoras durante o ano de 2025.

O que significa isto para os investidores?
Apesar das incertezas, existem razões para manter a calma. As tarifas podem levar a um aumento dos preços, mas esse efeito pode ser pontual e não causar uma inflação estrutural e duradoura. Tudo depende da reação dos países/blocos afetados – especialmente China e União Europeia – que permanece uma incógnita, podendo variar entre retaliações e negociações.
A 9 de abril, Donald Trump anunciou a suspensão das tarifas recíprocas por 90 dias (excluindo a China), o que levou a uma reação positiva nos mercados financeiros após dias de quedas…
Num cenário de incertezas e potenciais oscilações de mercado, a principal recomendação para os investidores mantém-se inalterada: disciplina e foco na estratégia de longo prazo. Os períodos de volatilidade fazem dos ciclos de mercado e, com diversificação adequada e paciência estratégica, estes podem transformar-se em oportunidades para investidores informados.