O que aprendemos com 72 anos de altos e baixos nos mercados financeiros
Numa altura onde a palavra “incerteza” faz parte do nosso dia a dia, e os investidores ficam com medo pelas suas poupanças, é importante fazer uma reflexão do que tem sido a história dos mercados financeiros, pois só assim conseguiremos ver o panorama a longo prazo.
Ao longo dos últimos 72 anos, os mercados financeiros demonstraram uma extraordinária capacidade de recuperação após períodos de forte contração — ou seja, fases de queda acentuada nos preços dos ativos e desaceleração económica, muitas vezes associadas a recessões ou crises financeiras.
A história diz-nos que, entre 1956 e 2022, ocorreram diversos “bear markets“— períodos em que os mercados acionistas registam quedas prolongadas de 20% ou mais face ao seu pico recente — com quedas que variaram entre 20% e 57%. Estas quedas, embora dramáticas e muitas vezes acompanhadas por recessões económicas, foram invariavelmente seguidas por recuperações. O que impressiona não é apenas a certeza da recuperação, mas a regularidade com que estes ciclos se manifestam – aproximadamente um “bear market” significativo a cada 6-8 anos. Esta cadência previsível oferece aosinvestidores de longo prazo uma perspetiva valiosa: a volatilidade não é apenas inevitável, mas constitui parte integrante do funcionamento dos mercados.
As desvalorizações mais severas até ao dia de hoje, como as de 2007 (-57%), 2000 (-50%) e 1973 (-49%), levaram entre 4 e 6 anos até que os mercados voltassem aos seus níveis anteriores. Já as quedas mais moderadas (entre os 20% e os 30%, tendem a recuperar em menos de 2 anos. Ou seja, quando maior a queda, por norma maior será tempo necessário para a sua recuperação completa.
Um dado particularmente animador é que, segundo estudos abrangentes, em cerca de 63,6% dos casos históricos, o mercado recuperou completamente em apenas um ano. Este padrão sugere que a resiliência dos mercados é mais robusta do que muitos investidores presumem durante os períodos de volatilidade.
Alguns episódios desafiam os padrões típicos e oferecem lições particulares. A queda de 2020 provocada pela pandemia de COVID-19, por exemplo, destacou-se pela velocidade tanto da contração (-35% em apenas 33 dias), quanto da recuperação (161 dias até novo máximo histórico). Este episódio demonstra como as intervenções coordenadas de bancos centrais e governos podem alterar significativamente a dinâmica tradicional dos ciclos de mercado. Igualmente notável foi a recuperação de 1980, que apesar de uma queda de 27%, restabeleceu o valor máximo em apenas 84 dias.
Estes exemplos reforçam a importância de ter cautela ao usar médias históricas para casos específicos, mas não anulam a tendência geral de recuperação dos mercados após quedas.
A compreensão destes ciclos económicos históricos oferece orientações valiosas para os investidores, tais como:
2. Sugere que os períodos de queda significativa, em vez de serem visto como momentos de ansiedade, devem ser olhados frequentemente como oportunidades de investimento em ativos a valores mais baixos;
3. A variabilidade nos tempos de recuperação sublinha a importância da diversificação adequada e do ajuste do horizonte de investimento às necessidades de liquidez;
4. O retorno médio de 15,5% no ano seguinte ao término de uma recessão indica que os investidores que permanecem investidos durante períodos difíceis são frequentemente recompensados pela sua perseverança.
No fundo, ao contrário do que muitos investidores acreditam, o segredo para atuar nos mercados financeiros, não está em tentar prever o momento certo das quedas ou recuperações, mas em construir uma estratégia bem estruturada que tenha em conta os seus ciclos económicos.
5 sugestões de livros para oferecer (ou ler) este Natal
A Véspera de Natal é sinónimo daquela correria típica para encontrar o presente perfeito ou lidar com convidados de última hora… Mas, mais do que presentes, o Natal é também um momento de pausa, reflexão e agradecimento por todos os momentos que vivemos no decorrer do ano.
Esta é a altura ideal para pensar nas conquistas, nos desafios superados e nos objetivos que queremos alcançar em 2025. E que tal aproveitar para começar a planear uma estratégia de poupança e investimento para o próximo ano?
Se não sabe bem por onde começar, os livros sobre finanças pessoais podem ser o ponto de partida perfeito. São uma fonte rica de conhecimento prático sobre como poupar, investir e gerir as suas finanças pessoais de forma mais consciente e sustentável.
Por isso, aqui fica o nosso “reminder” natalício: se está à procura de ideias para um presente útil e inspirador, para si ou para um ente querido, deixamos 5 sugestões de livros para aumentar a literacia financeira que vão ajudar as suas finanças pessoais em 2025:
“Psicologia do Dinheiro” – Morgan Housel
Morgan Housel argumenta que compreender a psicologia do dinheiro é essencial para alcançar a independência financeira. Considerado um bestseller internacional, com mais de 4 milhões de exemplares vendidos, “A Psicologia do dinheiro” partilha 19 história que exploram a forma como as pessoas pensam sobre este tema. Este livro, não só mostra insights sobre como evitar erros comportamentais que conduzem a más decisões financeiras, como ajuda a desenvolver uma abordagem mais estratégica e consciente de gestão financeira.
“Os Segredos da Mente Milionária” – T. Harv Eker
T. Harv Eker analisa os fatores psicológicos que moldam a nossa relação com o dinheiro, pois acredita que o sucesso financeiro não se deve a diferenças na educação, à inteligência, ao talento, a oportunidades, a métodos de trabalho, a contactos ou à sorte, mas sim na mentalidade de cada um. O autor oferece ferramentas simples e eficazes para mudarmos a nossa perspetiva sobre projetos, negócios e finanças.
“Pai Rico, Pai Pobre” – Robert T. Kiyosaki
Este livro é um verdadeiro clássico. Kiyosaki apresenta lições sobre o valor dos ativos, a importância de uma educação financeira sólida e como investir de forma inteligente para alcançar a independência financeira. Através da comparação entre dois tipos de mentalidades – a do “pai rico” e a do “pai pobre” – o autor demonstra como as escolhas financeiras podem impactar diretamente o futuro. Com uma abordagem prática e motivadora, é uma boa opção de leitura para quem deseja entender os princípios fundamentais de gestão de dinheiro.
“Princípios para Investir com Sucesso” – Burton G. Malkiel e Charles D. Ellis
Este livro desmistifica a ideia de que investir exige muito dinheiro ou uma compreensão profunda dos mercados, destacando que uma abordagem simples e estratégica frequentemente traz melhores resultados.
Com foco no investimento a longo prazo, os autores Malkiel e Ellis ensinam como minimizar riscos, diversificar de forma equilibrada e reduzir custos, princípios fundamentais para alcançar o sucesso financeiro. A obra oferece uma visão clara e acessível, mostrando que qualquer pessoa, independentemente da experiência, pode investir de forma eficaz e aumentar a sua segurança financeira.
“Tenha Mais Dinheiro na Carteira” – Catarina Brandão
Este livro é uma excelente opção para quem quer finalmente organizar as suas finanças e tomar melhores decisões. Neste livro, Catarina Brandão, criadora do projeto Cat Poupança, oferece estratégias práticas e acessíveis para ajudá-lo a controlar as suas finanças, poupar todos os meses e alcançar a estabilidade financeira que sempre desejou.
Este manual de literacia financeira inclui dicas úteis e estratégias testadas, permitindo-lhe aprender como gerir os seus gastos, pagar contas com tranquilidade e ainda poupar para concretizar os seus sonhos e objetivos de vida.
Conclusão
Estas cinco sugestões de leitura são uma excelente forma de expandir a visão sobre o mundo das finanças pessoais. Cada uma delas oferece diferentes perspectivas sobre como podemos melhorar a nossa relação com o dinheiro e tomar decisões mais inteligentes.